quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Com mão e cara de Ney Franco, São Paulo inicia final contra o Tigre (Postado por Lucas Pinheiro)

 Ney Franco assumiu o São Paulo no início de julho. Um Tricolor desmontado física, tática e moralmente pela eliminação na semifinal Copa do Brasil, contra o Coritiba, e por um cruel protesto da torcida, que não isentou ninguém na derrota para a Portuguesa, no Brasileirão. O começo não foi nada fácil. Empates, derrotas, desfalques, e mais revolta nas arquibancadas. Mas, depois de cinco meses, aquele time foi enterrado.

Nesta quarta-feira, às 21h50m (horário de Brasília), o São Paulo começa a decidir a Copa Sul-Americana contra o Tigre, na Bombonera, em Buenos Aires. Com força máxima, respaldado pela melhor campanha do segundo turno do Campeonato Brasileiro, a vaga na primeira fase da Libertadores já garantida e completamente abraçado pela torcida, que já comprou mais de 60 mil ingressos para o jogo da volta, dia 12, no Morumbi.

Com voz mansa, jeito tranquilo, mas sem perder a autoridade em momentos decisivos da campanha, Ney tem sua marca impressa na atual equipe. A maioria dos jogadores não tolerava os métodos do antecessor Emerson Leão. Principalmente na parte física. Com Ney Franco e sua comissão técnica, formada pelo auxiliar Eder Bastos e o preparador físico Alexandre Lopes, as lesões diminuíram muito. Apenas Luis Fabiano sofreu com problemas em sequência, mas até mesmo o centroavante esteve apto para disputar toda a reta final, sendo poupado em alguns jogos.

No dia a dia, ao contrário da maioria dos treinadores, Ney Franco nem é protagonista das atividades no gramado. Seu trabalho é mais tático, enquanto Eder comanda os treinos com bola. Ney gosta de estudar adversários e tentar implantar conceitos como marcação adiantada, no campo do adversário, e manutenção de posse de bola.

No início, o esquema de trabalho da comissão técnica causou estranheza em alguns atletas, que aos poucos assimilaram a mudança. Após a derrota para o Vasco, no Morumbi, logo no segundo jogo de Ney Franco, o lateral-esquerdo Cortez foi um dos que receberam atenção especial e teve sua forma de atuar modificada, priorizando a marcação. Alguns dirigentes, que estavam descontentes com seu rendimento, mudaram de opinião nos últimos jogos.

Outro que viu sua vida no time mudar sob o novo comando foi o atacante Osvaldo. Pouco utilizado por Leão, ele se tornou titular e indispensável ao esquema tático, aberto pelo lado esquerdo, em linha com Jadson (centralizado) e Lucas (à direita). Até Rogério Ceni destacou sua importância na equipe após a mudança de treinador.

O goleiro, aliás, foi protagonista de um episódio que também fortaleceu Ney. No empate por 0 a 0 contra a LDU de Loja, no Morumbi, ele reclamou durante o jogo da opção do técnico, que escolheu Willian José para entrar no time. Ceni queria Cícero. Ney Franco disse, publicamente, que não aceitaria interferências, mas elogiou Rogério, que retribuiu os afagos no dia seguinte e encerrou a questão. Outra demonstração de liderança do comandante foi dada no último domingo, quando Casemiro, após ótima atuação diante do Corinthians, reclamou mais chances. Ney aprovou o desempenho em campo, mas disse que o pupilo não vai ganhar a posição com declarações.

Nas últimas duas rodadas do Brasileirão, os titulares foram poupados para a Sul-Americana e, mesmo assim, o time somou quatro pontos e assegurou o simbólico título do segundo turno. Muito mais do que simbólica seria a conquista da Sul-Americana, um troféu que o São Paulo ainda não tem, e também o fim de um jejum de quatro anos sem levantar uma taça. De incógnita inicial, Ney Franco, que agora tem seu nome cantado pela torcida antes de cada jogo, junto com o dos jogadores, se tornou um trunfo para o Tricolor voltar a ser campeão.

Do outro lado, o time argentino disputa o jogo mais importante dos 110 anos de história. Afinal, será a primeira final internacional do ‘Matador de Victoria’, apelido dado a um time que é muito forte atuando dentro de sua casa e que não terá essa vantagem na decisão. Por isso, a estratégia será a mesma usada com sucesso diante do Millonarios na fase semifinal: marcação forte, muito jogo aéreo e espera por um vacilo rival para fazer história.

A partida terá arbitragem do paraguaio Antonio Arias, que será auxiliado pelos compatriotas Dario Gaona e Rodney Aquino. O GLOBOESPORTE.COM acompanhará o duelo em Tempo Real a partir das 21h30m. A TV Globo transmite a partida para todo o Brasil.
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Tigre: depois de ter poupado suas principais estrelas na derrota por 3 a 0 para o Belgrano, no último domingo, pelo torneio inicial do campeonato argentino, o técnico Nestor Gorosito repetirá a escalação que empatou com o Millonarios na Colômbia e garantiu a inédita classificação para a primeira final internacional. O time entrará em campo com: Albil; Donatti, Echeverría, Orban e Paparatto; Ferreira, Galmarini, Leone e Gastón Diaz; Botta e Maggiolo.

São Paulo: com o fim do Campeonato Brasileiro, o foco é total na decisão da Copa Sul-Americana. O ambiente não poderia estar melhor, afinal a equipe, apenas com reservas, vem de vitória sobre o rival Corinthians, no último domingo, por 3 a 1, no Pacaembu. Nesta quarta, força máxima: Rogério Ceni; Paulo Miranda, Rafael Toloi, Rhodolfo e Cortez; Wellington, Denilson e Jadson; Lucas, Luis Fabiano e Osvaldo.


quem esta fora (Foto: arte esporte)

Tigre: do time considerado principal, o único desfalque é o experiente goleiro Javier Garcia, de 32 anos, que se recupera de um problema muscular na coxa direita. Albil, que foi o seu substituto e brilhou no empate por 1 a 1 com o Millonarios, na semana passada, terá nova oportunidade para mostrar serviço.

São Paulo: Ney Franco tem todos os titulares à disposição.

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Tigre: Botta. Revelado nas categorias de base da equipe argentina em 2008, teve rápida passagem pelo futebol da Letônia no ano seguinte. Em 2012, tem sido o principal destaque da equipe, a ponto do técnico Gorosito acreditar ser impossível segurá-lo para a próxima temporada, mesmo com a classificação garantida para a Taça Libertadores de 2013. O clube argentino espera faturar pelo menos US$ 20 milhões (R$ 54 milhões) com seu principal craque.

São Paulo: Luis Fabiano. Artilheiro da equipe na temporada, com 32 gols, o camisa 9 estreará em La Bombonera e está com apetite de gols, já que passou em branco na fase semifinal da Copa Sul-Americana, contra a Universidad Católica.

o que eles disseram

Lucas Orban, zagueiro do Tigre: "Estamos feliz por estar aqui e sabemos que enfrentar o São Paulo não será fácil. Não podemos perder em casa, temos de fazer um jogo inteligente. Agora é o momento de vencer a ansiedade e, quando chegar a hora, explorar os nossos pontos fortes."

Ney Franco, técnico do São Paulo: "A pressão por títulos foi maior quando eu cheguei ao clube. Só se dizia que todos os times do estado haviam sido campeões no ano, menos o São Paulo. Não jogamos pensando nisso, mas sim na oportunidade que não podemos perder. Eu, como treinador, não posso perder essa oportunidade de cravar o nome na história do São Paulo. Essa é minha maior motivação, e acho que dos jogadores também."

Números e curiosidades

* São Paulo e Tigre se enfrentam pela primeira vez.

* O São Paulo é a quarta equipe brasileira a decidir o título da Copa Sul-Americana. Até agora, somente uma foi campeã: o Internacional, que derrotou o Estudiantes, da Argentina, em 2008. No ano seguinte, o Fluminense caiu diante da LDU, do Equador. Em 2010, o Goiás perdeu para o Independiente, da Argentina.

* Já  o Tigre é o sétimo time argentino a brigar pelo título da competição continental. Antes, fizeram a festa: San Lorenzo (2002), River Plate (2003), Boca Juniors (2004 e 2005), Arsenal (2007), Estudiantes (2008) e Independiente (2010).

* Finais entre brasileiros e argentinos são corriqueiras. Na Taça Libertadores, ocorreram 13 confrontos, com ampla vantagem dos hermanos, que comemoraram em nove ocasiões. Entre 1988 e 1997, foi realizada a Supercopa dos Campeões da Libertadores, com seis decisões entre os países. Novamente, vantagem argentina, com quatro triunfos. Para completar, os rivais brigaram em quatro oportunidades pelo caneco da extinta Copa Conmebol, com duas conquistas para cada lado.

* O Tricolor não tem bom desempenho em terras argentinas. Se forem levadas em consideração as últimas 15 partidas, o time conquistou uma vitória, três empates e perdeu em 11 ocasiões.

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